ESTE NÃO É UM MOMENTO DE POESIA MAS DE AGRADECIMENTO AOS MEUS AMIGOS
Queridos amigos
Há cerca de dez meses que recebi a notícia que tinha um cancro. Como devem imaginar esta notícia explodiu dentro de mim qual bomba atómica que tudo queima e arrasa e, em segundos revi tudo o que foi a minha vida.
Decidi que teria que saber lidar com a minha mágoa e com a tristeza daqueles que me rodeavam e amavam.
Pensei que talvez me encontrasse entre a percentagem dos felizardos que sobrevivem. Pensei em tudo menos na morte e passei a lidar com esta realidade no meu dia-a-dia. Lembrei-me de um texto que lera em tempos de Randy Pausch “ Não podemos escolher as cartas que nos são distribuídas, a nossa liberdade reside em saber jogá-las”. Decidi pois jogar as cartas da vida, sem trunfos escondidos e todas “voltadas para cima” como dizia Lobo Antunes.
Decidi que iria continuar a viver como se tudo estivesse dentro da normalidade. Nada de mudanças de hábitos. Passei a ir para a empresa todos os dias e, só quando a dor era maior, é que me resignava.
O que foram estes dias, desde a primeira intervenção cirúrgica até ao último ciclo de quimioterapia, o que fiz nos momentos de desespero para aliviar a dor, só eu e os que mais perto de mim estavam o sabem.
Prometi a mim mesmo que hei-de contar a minha experiência para que ela possa contribuir, dentro do possível, para aliviar o sofrimento de milhares de pessoas que no dia-a-dia, são confrontados com esta doença.
Mas, meus queridos amigos, não são estes os motivos desta minha carta. O que foram esses tempos talvez um dia os partilhe com todos. Amigos, conhecidos e não só.
O que pretendo é, por um lado, partilhar convosco esta minha alegria de, pelo menos nesta fase, ter saído vencedor deste segundo combate e por outro agradecer do fundo do meu coração todo o apoio, toda a amizade e todo o carinho com que me rodearam nestes dias de tormenta.
Podemos ser muito fortes mas, entre as várias coisas que aprendi, quando tive que lidar com a morte, é que só a amizade, só o amor fazem verdadeiros milagres e, é só por eles que vale a pena vivermos.
Por isso o meu “bem-haja”, o meu profundo agradecimento (e não quero nesta hora indicar ninguém em especial) a todos e que a vida vos dê toda a felicidade que merecem.
Perdoem-me se não tenho palavras que possam exprimir tudo o que sinto e tudo o que fizeram. Obrigado
quarta-feira, 16 de julho de 2008
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3 comentários:
Teres vencido esta batalha foi o maior agradecimento que nos deste.
Estaremos sempre ao teu lado, com todo o amor e carinho para te ajudar a vencer a guerra. E vamos vencê-la!!!
Estamos e estaremos sempre contigo.
Bjs
Os homens grandes não são os que se engrandecem, são os que sabem descer às profundezas do espírito, capazes de dar o seu sofrimento e a sua dôr como dádiva de si mesmos a todos aqueles que são capazes de ver, ouvir, ler e conhecer o AMIGO
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