terça-feira, 15 de julho de 2008


GRITO

Ainda não era o tempo do cacimbo
e já a tua tela procurava marcar o ritmo dos tambores

As cores e as formas eram desenhadas com raiva
e faziam nascer o teu grito

Um grito nascido
das cores que só tu sabias misturar

Um grito nascido
das tuas mãos que de forma ágil percorriam a tela

Um grito que era nosso e que queríamos que rebentasse no Universo

por isso o vermelho
o verde o amarelo
o sangue

Por isso o azul
o castanho o preto
a lágrima

Por isso o cinza
o roxo o branco
o silêncio

Vai amigo
arranca todas as cores da tua memória
e pinta todos os gritos
de todas as mães
que já não sentem a seiva no seu corpo

Vai amigo
mistura os amarelos os vermelhos os pretos
mistura os cinzas e os azuis

e pinta suavemente a curva ágil da gazela
a matar a sede no deserto

1 comentário:

Ana Casanova disse...

Lindo o poema que retrata tão bem o "Grito" da tela!