
GRITO
Ainda não era o tempo do cacimbo
e já a tua tela procurava marcar o ritmo dos tambores
As cores e as formas eram desenhadas com raiva
e faziam nascer o teu grito
Um grito nascido
das cores que só tu sabias misturar
Um grito nascido
das tuas mãos que de forma ágil percorriam a tela
Um grito que era nosso e que queríamos que rebentasse no Universo
por isso o vermelho
o verde o amarelo
o sangue
Por isso o azul
o castanho o preto
a lágrima
Por isso o cinza
o roxo o branco
o silêncio
Vai amigo
arranca todas as cores da tua memória
e pinta todos os gritos
de todas as mães
que já não sentem a seiva no seu corpo
Vai amigo
mistura os amarelos os vermelhos os pretos
mistura os cinzas e os azuis
e pinta suavemente a curva ágil da gazela
a matar a sede no deserto
1 comentário:
Lindo o poema que retrata tão bem o "Grito" da tela!
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